Perdi a hora e não peguei teu trem. Só eu sei o quanto corri pra alcançar tua estação. Mas meu tempo não era o teu, por isso perdi a oportunidade de te dizer que aquela não era uma despedida. Perdi a hora. Agora o que eu faço com a tua bagagem? Sim, porque tu deixaste uma parte comigo. Nem sei se era tua intenção, se foi proposital. Mas aqui está, comigo, algo que pertence a ti e, de certa forma, agora pertence a mim também. Perdi a hora e nunca vou saber se tu querias mesmo que eu guardasse tua mala. Abandonada, emprestada, doada? Como tu a deixaste para trás? Me diz logo, rapaz. Volta logo, desce na próxima estação. Não sei. Dá um jeito de emparelhar nossos relógios, de fazer do teu tempo o meu. Mas me diz que isso que tu esqueceste de levar, na verdade, não foi culpa do esquecimento, mas da certeza de que eu sentiria tua falta. Perdi a hora, mas eu sei que nossos ponteiros ainda hão de marcar o mesmo tempo.
"O segredo do tempo é consumi-lo sem percebê-lo." (Paulo Esdras)
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